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Agosto Dourado: Mães Atletas Mostram que o Esporte e Amamentação Podem Caminhar Juntos

Vila Olímpica na capital francesa conta com lugar adequado para amamentação e convívio com filhos

As Olimpíadas de Paris representam um verdadeiro palco para as atletas brasileiras, e ninguém melhor ilustra isso do que Rebeca Andrade. Com suas conquistas extraordinárias — uma medalha de ouro, duas de prata e uma de bronze —, ela se consolidou como a maior campeã olímpica que o Brasil já viu. Contudo, seu brilho não foi um fenômeno isolado; ele reflete uma série de conquistas femininas. Ao analisarmos o quadro de medalhas do Brasil até esta terça-feira, 6 de agosto, constatamos que, das 13 medalhas conquistadas, 9 foram conquistadas por mulheres. Neste cenário de conquistas femininas, é crucial considerar as dificuldades enfrentadas por atletas olímpicos que também são mães, conciliando suas carreiras esportivas com a maternidade, especialmente no mês dedicado ao apoio ao Aleitamento Materno.

Este evento global levantou uma questão relevante: a necessidade de proporcionar condições adequadas para as mães esportistas poderem amamentar e conviver com seus filhos durante as competições. Muitas vezes, essas atletas enfrentam o preconceito criado pela falsa ideia de que o exercício pode diminuir a produção de leite ou afetar a saúde do bebê. Com a ajuda de especialistas da Rede Adventista de Saúde/PA, será possível desmistificar essas crenças e enfatizar os benefícios do esporte para as mães que amamentam.

Pela primeira vez na história das Olimpíadas, o COI (Comitê Olímpico Internacional) e o Comitê Organizador das Olimpíadas, que nesse ano é em Paris, forneceu um espaço adequado para as atletas mães terem um pequeno contato com os seus bebês que estão em fase de amamentação. No berçário, há um local privado para amamentação, permitindo assim que a mãe não interrompa ou encerre precocemente o período de aleitamento materno, recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como a forma de alimentação exclusiva até os seis meses de vida do bebê, e de forma complementar até a criança completar dois anos de idade. Essas instalações são, sem dúvida alguma, o melhor exemplo de como grandes eventos esportivos podem adotar medidas concretas para promover a amamentação e apoiar mulheres em todas as fases da vida, mostrando que o esporte e a maternidade podem, e devem, caminhar juntos.

A iniciativa está em perfeita sintonia com o tema “Amamentação: apoie em todas as situações”, que marca a campanha anual conhecida como Agosto Dourado. Esta campanha é uma extensão da Semana Mundial do Aleitamento Materno (SMAM), coordenada pela World Alliance for Breastfeeding Action (WABA), e ocorre de 1 a 7 de agosto. Alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), que visam garantir saúde e bem-estar para todos, o tema deste ano visa aprimorar o apoio à amamentação, focando na redução de desigualdades e incentivando a prática do aleitamento materno em todas as circunstâncias. 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), por ano, cerca de seis milhões de vidas são salvas devido ao aumento das taxas de amamentação exclusiva até o sexto mês de idade. Para a Doutora em Nutrição, Thalita Dantas, as mães que amamentam não só podem, mas devem se exercitar. Ela explica os inúmeros benefícios que a prática de exercícios durante a amamentação traz para as mães: 

“Praticar atividades físicas traz inúmeros benefícios fisiológicos para as mamães que estão amamentando. Além de melhorar o condicionamento físico e a saúde do coração, o exercício ajuda a fortalecer os músculos, algo essencial para que elas possam segurar o bebê confortavelmente à medida que ele vai ganhando peso. Também é uma excelente forma de auxiliar na perda do peso ganho durante a gestação. Adicionalmente, a prática regular de exercícios libera substâncias neuroendócrinas associadas à sensação de prazer e bem-estar, o que pode facilitar o processo de ejeção do leite. Exercitar-se regularmente pode também reduzir o risco de anemia e fortalecer os ossos, tornando a experiência da maternidade muito mais saudável e equilibrada.”

Thalita reforça ainda os benefícios para a saúde mental:

“Além de melhorar o bem-estar geral e reduzir o estresse, a prática de atividades físicas por mães pode combater a depressão pós-parto, trazendo mais equilíbrio e saúde para suas vidas. Estar engajada em uma atividade prazerosa e cuidar de si mesma reforça o senso de autocuidado, impactando positivamente a amamentação. Uma mãe que está bem psicológica e emocionalmente se beneficia das contribuições da atividade física, o que permite vivenciar o período da amamentação de forma mais plena e feliz. Isso a ajuda a estar realmente presente no momento e a lidar melhor com as possíveis dificuldades e desafios que possam surgir.” 

Ela também aponta que o aleitamento materno é um processo desafiador que demanda um bem-estar emocional e físico das mães:

“Sabemos que a amamentação não é um processo fácil; ela exige muito da mãe, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Portanto, manter o equilíbrio psicológico é essencial para enfrentar esse período com mais tranquilidade e confiança.”

Agora que já sabem os benefícios da atividade física para a saúde das lactantes, a Doutora em Nutrição, Thalita Dantas, ressalta os cuidados que se deve ter com o leite e com a mama ao realizar as atividades físicas:

  • Ácido lático

Exercícios de alta intensidade devem ser evitados. Existem estudos que tentam mostrar que o ácido lático, produzido em exercícios mais intensos, passam para o leite materno, deixando com o gosto um pouco modificado. Mas como é uma fase que a gente quer que a criança receba o leite, e tenha boa adaptação, é bom evitar o exercício intenso para que isso não aconteça.

  • Impacto

É recomendável evitar atividades de impacto e buscar proteção para as mamas, a fim de prevenir traumas ou desconfortos. Vale amamentar logo antes do treino, para esvaziar as mamas e evitar desconforto, dor e vazamentos. A mulher deve consultar o seu médico antes de começar a treinar.

  • Hidratação

O maior cuidado que as mamães devem ter nesse sentido é com relação à hidratação. É indispensável uma boa hidratação para poderem produzir leite na quantidade necessária. Portanto, mãe, fique atenta para ingerir bastante líquido durante esse período!

A atividade física não só é segura, como também pode melhorar a saúde física e emocional das mães, contribuindo para um melhor bem-estar geral.